Mudar...
De lugar?
De vida?
Apenas de endereço?
Mudar por dentro?
Deixar de fazer o que sempre fez com muito amor e dedicação?
Deixar para trás e não mais olhar?
Ou não ter coragem de abrir a porta e esvaziar as lembranças, os livros, as fotos, os papéis já amarelados pelo tempo...despedir-se, um pouco apenas.
É como se morresse um pouco, é como se descobrisse que o tempo passou, que as horas se foram...
Mudar os hábitos, os horários, as horas...
Mudar de rumo, descortinar novos horizontes, abrir os olhos e ver o mar, apenas o mar, como se não bastasse a sua infinitude.
Despedir-se de uma parte de sua vida ou fechar apenas uma janela e abrir outras até então fechadas ou entreabertas.
E os amigos, os alunos, os orientandos, os colegas, o objeto de suas pesquisas...
E os conhecimentos adquiridos, os anos de estudo, onde guarda-los?
Como dividir agora toda essa experiência adquirida ao longo dos anos, das noites mal dormidas, lendo e relendo textos.
Como viver agora sem essa parte de mim? Como?
Mudanças de rumo, através de um acidente, de um imprevisto ou de um sinal, dos tempos.
Estou de mudança, ainda não terminei, estou apenas começando...
Aprendi que temos uma finitude, que somos e estamos aqui por um tempo, apenas um tempo...
Quanto nos resta dele, nada sabemos, para mim ele já passou, o que vem agora apenas transborda...
Angela Farias
