Olá Ângela, belo dia, bela trajetória, caminhada, momentos de reflexão...olha, fica difícil falar depois do que já li, mas vou aproveitar para recordar as memórias de seus primeiros momentos de leitura do mundo e sua progressão, vivenciado no calor das emoções por alguém muito especial, que estava na arquibancada, na torcida e aplaudia, vibrava a cada lance e abaixo deixou escrito, especialmente para VOCÊ, nossa grande irmã:
Em 1956, eu estava ansioso esperando a chegada de nossa querida Ângela. A mamãe dela, Edísia, não ficava atrás, já adivinhava por intuição materna que seria uma menininha muito linda é que formaria um lindo casal o que faria nossos corações e nosso lar muito felizes. Assim pensando carinhosamente, convidou sua prima Ozanira, que morava na época no município Coresma, sertão do nosso estado, para vir especialmente bordar e costurar todo o enxoval de nossa jóia muito esperada. E Ozanira prontamente atendeu o convite e logo veio pra nossa casa na Rua Ouro Branco, 703. Foi aquela alegria, nossa parente era de fato uma gramde bordadeira e costureira de mão cheia. Preparou com Edísia um belo enxoval, nada faltava se podia desejar melhor, tudo ficou impecavelmente bonito e no dia 8 de maio nossa Ângela Maria cantou forte nos seus primeiros segundos de chegada ao mundo. E nossa prima, muito amável com crianças, pois vinha de um longo convívio com seus sobrinhos pequeninos, logo se afeiçoou carinhosamente com a pequenina Ângela. Nos ajudou muito no período do após parto, passando a um verdadeiro papel de babá – enfermeira de primeira classe. E foi ficando conosco. Ela se dedicava o tempo todo com Ângela e ainda colaborava em todos os serviços domésticos de nossa casa. Era uma pessoa especial e passamos a trata-la com muito estima e considerações. E lá se vai o tempo correndo e Ozanira conosco.
Ângela, minha primeira filha. Ao nascer encheu de alegria nosso lar. Uma menininha linda, nossa boneca de carne viva, nos trouxe um novo mundo de esperança. Recebeu muito amor e carinho, foi sempre uma menina viva, esperta e inteligente. Muito cedo demonstrou ser dedicada e corajosa. Cresceu juntamente com Desirê e Norma e facilmente liderava o bloquinho feminino. Era enérgica e graciosa, revelava forte força de vontade por conseguir o que desejava, assim brilhou desde os primeiros anos d estudo escolar. Sempre previ em Ângela uma grande capacidade de resistência e destemor diante de obstáculos. Recebeu na sua primeira e segunda infância muito amor, afeto e segurança. Se as nossas condições financeiras em família eram modestas, eu e sua bondosa mãe lhe demos o que nos foi possível, e mesmo às vezes desejando algo mais, nunca exigiu nada, era uma jovem menina compreensiva com as condições d nossas possibilidades. Sei perfeitamente que a perda de sua mamãe foi seu primeiro grande choque na vida, eu jamais preenchi grande lacuna materna. Acho que foi por intuição divina que Ângela sabiamente reagiu a muitas adversidade de nossa vida em família depois do final de sua mãe. Eu cometi meus erros, algumas vezes me perdi no consenso da razão. Mas Deus foi o seu grande Pai e ela prosseguiu no melhor caminho. Buscou ainda adolescente o apoio da tia Elba e com fé inabalável no seu futuro ingressou na faculdade, conclui seu curso escolhido, e então formada, já casada com Nelson e mãe do seu primeiro filho, Gio, buscou com garra e sacrifício seu primeiro emprego na faculdade. Com Nelson estruturou sua própria família e vieram filhos, Nelsinho e Bruno. Efetivada no cargo de professora, fez Mestrado, em seguida fez Doutorado na França – o que lhe custou cinco longos anos fora do nosso país e do convívio de toda a família – que foi mais um sacrifício sofrido pelas saudades imensas em meio a um país estrangeiro. Mas foi à luta e venceu.
Hoje revejo em pensamentos a trajetória da vida de minha filha, de estudante universitária ao seu casamento, à sua formatura, ao nascimento do seu primeiro filho, à sua efetivação funcional na Universidade. Foi um período duro, cheio de lances dramáticos para seus primeiros anos como pessoa adulta no começo da vida independente, social e econômica, sem as experiências necessárias e sem a ajuda de outras pessoas. Sob uma chuvarada de acontecimentos fortes e decisivos quase em forma de tempestade, essa grande criatura jovem e sonhadora não perdeu sua fé, seu espírito de luta agigantou-se e fortemente, com serenidade e equilíbrio venceu as mais difíceis fases da sua vida.
Minha menina linda, estudante primorosa, esposa e mãe virtuosa, mestra, amiga, filha adorável, aos meus olhos e ao meu coração, és uma grande parcela do meu amor de pai, de nossa grande família. Te amo.
Ângela meu condor
És capaz de alçar vôos em novos espaços. Sobes aos píncaros mais altos buscando segura nas asas da ciência não te cansas de voar, e para matares a sede vás a fonte te saciar.
E do alto contemplaras o desejado horizonte onde queres chegar. Quando retornares tranqüila e serena aos morros, campinas e montes, trazendo carregado o espírito e forte pensamento semearas na terra mãe como os fecundos vegetais, as sementes da transformação da ciência e do nosso povo nas cidade e no sertão, viverás, sonhando e realizando sonhos sempre altos. Condor de meu peito, asas do meu coração, vôos nos pensamentos.
Beijos,Paz e Bençãos de Joselino, Noia, Romário e Carina
São João em Campina Grande
Bairro da Palmeira
